31 de dezembro de 2010
Roda Gigante
27 de dezembro de 2010
Corre Louco!
Corre, louco! as tuas palavras serão meus novos versos. Corre com as tuas pernas largas, esticando os músculos rígidos da velocidade.
Atiça as fibras da sua VARIEDADE, e relampeja um novo alicerce para os nossos últimos afazeres do dia. Corre! Traz nas tuas notas a energia dos amores inacabados. Entrega aqueles últimos toques aos distúrbios nucleares do Sol que EXISTE dentro do teu tórax destemido. Incendeia os últimos palitos de fósforo que sobraram da lareira de casa.
Divida-se com a TUA MAis AMAdA companhia. Alegria. Acima do infinito inteiro, diante de todos os desaconchegos retalhados da estrada, há uma anestesia nesses olhos que me fitam de longe.
Invade o comportamento sutil das palavras até que liberte, até que ao menos uma pura gota inerte saia de motivações sonoras.
Incentiva a derradeira onda de pensamentos que te envolvem agora. NÃO DEMORA! NÃo tarde o último olhar pois logo logo o presente se desmorona em passado até
desintegrar.
20 de dezembro de 2010
O Corte
Se satisfaça com o ar que entra pelas narinas abertas,
e desaperta a garganta rasgada de susto.
Atente para os próximos cliques
do relógio dos momentos presentes.
Assim que calar,
sussurre invisível no ouvido
dos que te amam,
Instale uma velha idéia em suas cabeças,
Faça os inclinar para o lado e ter calafrios.
Se o inesperado te corta nas bases da laringe!
Garanto-lhe de que a vida
te dará mais tempo para entendê-la.
11 de dezembro de 2010
29 de novembro de 2010
... Camadas .
25 de novembro de 2010
Te queimas por dentro?
Não é o tempo que se desconectou em chamas. É o fingimento morando em cada um que engana. Ensinam o que é humanidade, o que é igualdade, o que é amor. Mas ensinam de maneira hipócrita, falam e não fazem exemplo. Não foi vivenciado por dentro.
Parece que o ar sai da boca só pra fazer pequenas turbulências do lado de fora, enquanto por dentro fica ausência. Carência que vira medo, que vira raiva e sai em forma de rajada de ferro. É que ensinam mas depois esquecem, e seus filhos viram leitores de preces, palavras da boca pra fora. Repetem mecanicamente, soltam no ar. Recuam os olhos e escurecem.
21 de novembro de 2010
A História do Homem que ouve Mozart e da Moça do lado que Escuta o Homem
É que a natureza corta o ar das coisas, e basta deixá-la seguir seu rumo randômico no momento em que brotam ambientes no espaço. Uma tensão alta tece na ponta das cabeças até que todas se grudem numa respiração conjunta dos 40 corpos presentes. Basta rir-se ardente do vácuo que puxa pela avenida dessa cidade, porque se ninguém te espia ninguém te cala. E aí, quando o mundo abaixar e encaixar por detrás das sobrancelhas, contorce, rola, e afoga o instante de vida primeira. O que desmorona por fora embaça o olhar de dentro, conexão do tempo que fulge nas corolas molhadas pelos relógios de água, e que abastece o mar de impulsos curtos instantâneos e intensos.
---
Depois de uma Peça que urge próximo ao arcos da lapa.
Vale a pena ver. E absorver-se de algo realmente Humano.
http://espacocenico.wordpress.com/2010/10/28/a-historia-do-homem-que-ouve-mozart-e-da-moca-do-lado-que-escuta-o-homem/
4 de novembro de 2010
Eletroalma
Contribuindo para essa consistência,
é quando o resto se desfaz em essência.
A cadência reverberada da carga
agita o canto da alma
numa superfície equipotencial,
induzindo o campo externo
a ser diferente do ideal.
Porém, o que há por dentro
n u n c a s e a b a l a,
a não ser que cavem
e ali instalem outra fonte.
Fonte pulsante.
Carrega consigo
o eletromagnetismo
desse instante.
2 de novembro de 2010
Fios Cruzados
Curto circuito enquanto tecia as falas dos últimos sentimentos, por ele. Disfunção dos vértices do espaço-tempo, a curva de luz insistia em abrir caminho pra dentro, distante ofuscava a cabeça aguda do moleque de rua. Ele andava esguio e torto para o lado esquerdo, girava os dois braços ao mesmo tempo quando sentia medo, abria a boca e apareciam dentes fortes de um vampiro escravo. Um desespero no menino alado.
Enquanto isso eu abria os cadernos, apagava os vestígios do antigo amor-feto, balbuciava as conversas de cabeceiras virtuais, me condenava incapaz. O menino era tão torto, que sua tortura me fazia doer o dorso, curvei-me para a direita enquanto o observava e, por sua vez, o caderno apoiado na janela escorregou, foi parar lá no outro lado do terreno em cima do muro. A quina do meu grito virou um canto arredondado, era bocejo de preguiça por aquele descuido que veio do menino alado. Talvez buscar.
Talvez para sempre ficar em cima, no meio, sem atitude e perplexa como sempre foi, antes. E encarar a imagem como um desafio para meus próprios erros era tolo, infantil. A rua já não tinha o menino. A chuva fina começava a cair. Os novelos de lã estavam inundando a sala com suas mil cores e linhas. Era tempo de solidão em meio a uma concentração rala, e os fios de novelos voltavam a se unir numa sensação tricô, positivo com positivo até o fim do dia.
25 de outubro de 2010
:::diluindo:::
Sumiu do mundo das palavras e desencadeou um sono profundo dentro do meu olhar. Visões periféricas se projetaram nas faces de dentro do meu crânio. Uma projeção demais imperfeita que falava o que eu queria ouvir, brincava de ser a parte de mim vazia de ti. Sou eu que controlo esse filme. Esses impulsos feitos de massa cinza e molhada carregam as necessidades impressas no centro da vida.
Desapareceu do mundo das idéias e virou matéria escura pintada pelas paredes da amargura. Veste terno cinza claro e desce pela escada de emergência, és pura ausência dentro de um corpo velho. Vou pra longe em desespero. Não nego que fiz de ti uma mina sem dinheiro, agora sou seca. Murcha. E canto firme nos bailes de corpo inteiro. Veja como posso ser forte, veja como posso ser só.
11 de outubro de 2010
A RETA
6 de outubro de 2010
OZ
Cansada de me esquivar dos apegos
desses queridos e dóceis
meninos do vento.
Suas vorazes almas sopradas e repentinas
relutam em me carregar,
em arrancar pedaços.
Ágil, esquivo-me, enfraqueço, canso.
Assim, quando for me chamar de novo. Os olhos atentos buscam o piscar. As luzes da telinha. O nome escrito nela. A respiração presa. As janelas vão se abrindo e as paredes vão sendo arrancadas. Sobra do quarto o quarto. A cama ainda ilesa dorme sobre o chão que gira. Turbilhão de imagens. Grossa areia atinge o teto que se vai e despedaça. Sobra do quarto o quarto. Segura na cama e dorme! Aquela laje flutuante.
Um furacão entorpecente.
O organismo.
Sobra do quarto
o que havia de mim.
19 de setembro de 2010
balada da menina instável
Sou o corpo.
Gozo do estado de ser.
Repudio o alheio,
tremo a medida que
a existência preenche
as bolsas do pensamento.
Cavo fundo no ânimo estado
no humor fatídico, e todas
suas nuances são resultado
da vida aqui, sendo.
Constato o corpo o fato
ao olhar pelas janelas
ao respirar e sentir o sentimento
das coisas transpirando em sua essência.
Sou o corpo.
Gozo do estado de ser.
Mas, porém,
há o além de mim
sobrevoando
querendo dizer
que além
é melhor
que aqui
preciso partir?
15 de setembro de 2010
Relendo-se no conflito instante...
6 de setembro de 2010
DESCONTINUIDADES - Video Poesia
Se o teu impulso
nasce no caos do cérebro,
Conecta bem tuas sinapses.
Reverbera o elétrico som
neural faminto de mundo,
E caçoa de seus artifícios
Ri deles até que esquentem
as cavidades.
Recupera, energiza
vacila em microssegundos
Até que esgote a ânsia
de ser gente
Ser gente
Por mais
um...
Contrai, extende e puxa
o cordão umbilical,
dele vai nascer
um universo
multidimensional.
Contribui,
o som vai escapar
das narinas, e você
nem vai perceber
onde ele pode
chegar.
Gagueja e enrola a língua nos dentes
controla o impulso que não é mais
sua mente.
Ele é ação de vício,
o claro vazio do abismo,
o lugar onde não se chega
nem por mil solstícios.
Treme as mãos
Incessantemente
até poder cansar
e esquecer de ser
gente.
Só por um instante,
cérebro de infante.
Só por um ...
31 de agosto de 2010
giGANte
30 de julho de 2010
girando ... girando ... girando
Fui correndo de branco, branca reluzindo invisível . Escutando o inóspito som das paredes ocas do ônibus. Era manhã. Era claro. Era insano perceber que mais uma madrugada em claro tinha se passado e mais um vazio em cima da cama. Fofa. Santa. Sento relaxando as costas sobre o travesseiro, a cabeça na parede. O brilho que vinha da janela. O Sol. Pensamentos.
Poderia eu ser cruel comigo a ponto de enganar-me. A ponto de dizer que tudo vai dar certo mesmo tendo receios. O Futuro está rondando inerte, não pode fazer pelo presente, mas pode atiçar o ânimo. Euforia. Ansiedade. Vômito. Desajustando os relógios e esquecendo os compromissos. Relendo e-mails, cogitando dormir até às sete horas da manhã do dia seguinte, só pra parecer trabalhadora. Levantando cedo, indo pra academia, disposição, satisfação. Responder e-mails, dar satisfação, movimentar o que andava mudo, produzir, produzir, extrair, contribuir.
Diluindo o leite na água, deixando o fio branco penetrar pelo copo, como uma bandeira de paz permeando aquela multidão de moléculas vorazes por agitação. Agitação que torna a incitar a alma. Vem a culpa, desejo de se cortar ao meio e ser metade em cada lado do mundo, da escolha. Porém, se fosse sempre metade arte, metade matemática, nunca seria de fato completa, de fato invasiva enquanto falo sobre meus sentimentos. Sentimentos não te incomodam, te nutrem, te transformam. Converter sentimento vadio em notas de música, de amor é além da razão.
Estou acomodada ao acaso, a sorte de olhar aberto e acalentar os olhos nos olhos de outras pessoas. Apesar de criativos, apesar de históricos, apesar artistas, ainda somos carne, somos osso. Disso nunca poderemos esquecer.
27 de julho de 2010
NOITE
ME APAIXONEI PELA NOITE
EM TROCA RECEBI BOCEJOS
SORRISOS OLHOS CONFISSÕES
APLAUSOS CORES
REVIVI NO SEU NEGRO, UM VAZIO
PELA MADRUGADA IRRESPONSÁVEL.
CONFESSO QUE TE PROCUREI
MAS NÃO ENCONTREI
ACHEI O OPOSTO DO ÓDIO
OS GRACEJOS DO AMOR
A BEBIDA SEMPRE INCORRUPTÍVEL
O LAÇO QUE PODE UNIR TODOS
EM UM FECHAR DE OLHOS
NÃO DORMIR É UMA BENÇÃO!
TORNA MAIS NOTÁVEL VIVER
DUPLICA O MUNDO
RENASCE O QUE ERA
SONHO
COMO SOMOS MESMOS PREGUIÇOSOS!
QUEREMOS DORMIR TANTO
SUFOCANDO O TEMPO MÁGICO
TEMPO QUE DURA UMA LUA INTEIRA
UMA MENINA BRINCANDO DE PERAMBULAR
SONHAMOS SER FORTES
ENFRENTAS OS RAIOS DE SOL
VER SOB A CLARIDADE
RESPIRAR DIA A DIA
PORÉM, O QUE SOMOS
MESMO É NOITE
ESCUROS, CALMOS E MOMENTÂNEOS.
22 de julho de 2010
INCONTROLÁVEL
Um constante de ultrapassagens e rotas perigosas Um medo incessante do futuro uma energia interminável pronta para agir sobre o impossível Ser único bivalente bipolar tricampeão despedaçado e espalhado pelos ambientes habitados do mundo
Iludir-se é completamente tangível e abominado por esse olfato visionário ensurdecedor Contraria a idéia de liberdade desperta a questão de ser uma sociedade Embrulha o estômago vomita empurra pra cima a dor Não entender o que somos é pior do que não entender o porquê de estar aqui Identidade infiel do apego vulnerável ao desprezo do outro Corroer da pele correndo pelo pescoço até o ouvido
Queima forte sentir-se incapaz de decidir mais do que já foi possível Arde incontrolavel a paz do cômodo tão indisciplinadamente parado branco ausente de vontade para continuar Ausente de atitude para compartilhar Alheio a qualquer sentimento humano que não supere o seu próprio sentimento de ser vivo sem poder desfrutar a liberdade que reside no entremundos emcimadomuro nomeiodocaminho Grudar-se ao que é insano soa mais comum mais atraente e mais acolhedor Agregar-se ao incompreensível pálido lado esquecido pelo mundo e por nós mesmos é um ideal poético e romântico
Não nos deixeis cair em tentação
8 de julho de 2010
Impasse
Tu decides gostar de mim
E assim ficamos
estáticos
cara a cara
Sem a coragem pra dizer qualquer palavra
Como se qualquer erro fosse desmanchar
Isso, agora, existindo
Te entendo e não me entendes
Um zig zag de olhares
em uma multidão insone
Quem é você?
Porque eu ainda não sei.
Vai!
Desliza teu olhar pra frente.
Vai!
Rompe a barreira do medo.
Gargalha, por favor!
Diz o que vier a cabeça
E acredita que estou disposta a ti!
Sei que meus versos
Não passam de papel,
Não saem do plano da palavra.
Virtual. Abstrato. Incompreensível.
Te peço ação,
embora tenha dado tinta.
O erro é deixar que ele nos guie,
Ele molda o nosso não agir
Mantém a vontade imune de um toque
Ele é maior que nós mesmos
O Impasse.
Impedindo que a gente nunca se ultrapasse
Porém, com o tempo
Vem a velha indiferença
E um novo menino a me olhar distante
Ele se aproxima, diz que podemos ser amantes.
Eu aceito.
E você?
O que foi?
26 de junho de 2010
Gatos
6 de junho de 2010
-
Ser Humano
Confesso agora ter que falar
como se fosse uma solução pr'os meus anseios
Embora eu não consiga mais querer
Te vejo numa Humanidade
Um castigo para um crime que não desvendei
Essa força-mútua me constrói
Driblando um velho indício que me dói
Te vejo Humanidade imensa
Aquele vício virou uma lenda
Confesso ter que insistir
Em dizer que não o vejo como antes
Eu venho pra sorrir e te dizer
“Eu sei ultrapassar limites
Logo vou chegar tão alto quanto você.”
O tempo me mostrou
pra cada tempo existe um estado
um desejo, uma força, um motivo pra ficar acordado
existe um mundo pra criar, transferência de dados
A cada dia cada passo
Essa Humanidade Absurda
Habita-te
Habita-me
Se tornou um motivo pra sonhar e dizer:
“Eu posso superar etapas.
Logo vou ser tão concreta quanto você.”
Ser e ser: ser Humano.
16 de maio de 2010
Nova Família
E quando me encontro completamente à vontade em lugares como este
A toda volta alguém que conheci, se não conheci logo conhecerei
E se não conhecer sei que você é amigo de um amigo
Como uma tia do primo, que já chamo de tia
E quando eu percebo que posso sair por aí
Olhando amplo para o aflorar da Arte
Eu vou fitar a cantora, a atriz, o músico
Eu direi: “Ele é da minha família!”
Quando o show acabar
Trocaremos idéias, figurinhas, histórias
Cultura
Quando eu percebo que a essência da minha vida
Se encontra na vida de outros
eu re-afirmo, re-concluo,
Essa família há de crescer!
Um dia seremos só um!
Como um grande nó cego!
Algo que ninguém desfaz!
Nem mesmo um grande ego.
15 de maio de 2010
Como se suporta o cheiro?
Mesmo assim ela ia, ia. Aquele cheiro voltava em muito momentos para preencher o vazio ou sufocar o acúmulo. O excesso.
O cheiro começou a fazer parte de seu dia a dia, quando se sentia triste, lá estava ele. Quando se sentia feliz pudera ela seti-lo ao fundo, como uma canção sem notas, porém, sensações. A canção que só ela ouvia.
Encantada com a possibilidade de espalhar essa experiência, ela começou a espalhar pelos sete mares o que lhe passava. Quem sabe alguém pudesse ajudá-la a entender. Muitas pessoas, adimiradas, começaram a buscar esse tal fenômeno em suas vidas. Eles queria essa nova dimensão como lamentar com cheiro de ketchup! Beijar com cheiro de álcool! O caso virou tendência, moda. E todos passaram a ganhar cheiros em suas vidas, para cada momento um cheiro sem razão.
Quando, enfim, eles entenderam.
O cheiro é o rastro que eu deixo quando não entendo.
Quando o grito aumenta até arranhar a minha garganta
Quando não consigo mais pensar em nada.
O cheiro é a parte de mim que não quer ir embora
E implora pra eu, por favor, voltar para mim mesma
Se eu não quiser, que pelo menos eu seja forte o suficiente pra gritar e dizer:
"SAI!!"
Depois que descobriram, perceberam que o cheiro era um pedaço apodrecido de seu próprio corpo, ou o perfume que sem perceber usamos todos os dias. Esse cheiro, é o vício que querer encontrar no que é novo aquilo ao que já estamos acostumados a interpretar.
9 de abril de 2010
Parque das Imagens
Quero que suas roupas me devorem
Quero que entenda
o que eu tenho pra falar
Então por que será que ela corre?
Bicicleta, pedalar seu rosto vai
Bicicleta, pedalar seu rosto vai
E aí, a musa mais bela vem
Sorrir pr'aquele que nada tem
Detonando a força que resta
Retomando a dor que infesta
Fome feia e dura a fez
Louca
Imagem a vagar neste deserto
Os pássaros sustentam seu penar
Por mais que não entenda
O seu mundo eu vou mostrar
O seu resignar é o que me move
Bicicleta, pedalar meu rosto vai
Bicicleta, pedalar meu rosto vai
E aí, a musa mais bela vem
Sorrir pr'aquele que nada tem
Detonando a força que resta
Retomando a dor que infesta
Fome feia e dura a fez
Louca
(música resultante do Post: Princesa da Grama)
5 de abril de 2010
NovoCanto
Ler tudo aquilo que muito senti
Ler todo o vão que se alimenta em mim
Entender o mundo que se fez assim:
Ouvir da vida que me fez feliz
Gritar pra fora o que matou de rir
Fugir do agora pra encontrar a mim
Amar o tempo pra sonhar com fé
Seguir a vida mesmo sendo a pé
Focar no medo até ele ir pra longe
Pensar na vida, isso me faz distante.
Eu busco mesmo encontrar o caminho
Fio da meada que me traga o linho
Pra costurar até formar um blues
E espantar o amor que não tem luz
Um velho canto sem medo propus:
Viver e ler aquilo que escrevi
Tentar aquilo que eu não escolhi
Olhar pros lados escolher o ponto
O meu desconto é ser um novo canto
Ou tudo aquilo que eu nunca fui.
1 de abril de 2010
Vai deixando na gente...
E a rotina vai te mostrando, cada vez mais, ser inútil lutar contra ela, porque a disciplina, essa sim é capaz de trazer o fruto do seu esforço vir a tona. E como tornar esse fruto comestível, saboroso, se a rotina usada para trazê-lo é insípida disforme, desconexa.
Por que toda vez que eu penso ter encontrado a saída me vejo saindo de uma porta que dá para outro labirinto? É como se precisássemos de muitos labirintos até encontrar a tal da maturidade, ou aquele momento em que as pessoas mais velhas te vêem como um adulto, e não mais como um garotinho.
É justamente o que o resquício do tempo vai deixando na gente. Um mar, ondas que te arrastam, tiram um pouco do seu humor, o leva para longe. É justamente o que a juventude deixa dentro dos olhos de uma criança. A alegria de ser jovem somada a dúvida do que está por vir. A esperança de que o mundo está em rumo ao equilíbrio, o desespero de não saber o que fazer para ajudar.
É justamente o que o resquício do tempo vai deixando na gente. O medo de tornar-se algo tão mais diferente, a ponto de não haver mais nenhuma esperança. Ou até, talvez, mais nada.
20 de março de 2010
A M O R D E D O R
Você aceita?
O jogo consiste em nos amarmos profundamente,
Mas nunca haverá um beijo
Talvez nem sequer um toque.
Quando estivermos a sós,
Você dirá que precisa partir.
E quando esse momento voltar,
Eu direi que tenho compromissos.
Inventaremos problemas sem soluções,
Criaremos pessoas que não existem,
Tal um caso, um marido, namorada.
Porém nunca deixaremos de desejar um ao outro.
Nunca deixaremos de trocar sorrisos envergonhados,
Nunca deixaremos de ser a história de amor mais bonita,
Pois bonito é o amor que não se consome.
Bonita é a tristeza que existe no olhar de dois apaixonados.
Você aceita ser meu par?
Porque assim seremos eternos poetas.
Num momento de esgotamento
Lembraremos um do outro
E então escreveremos.
Seremos eternos poetas!
E essa dor, esse suspiro. Vai permaner na alma.
Vai acalentar nossos espíritos,
Nossos livros serão aclamados,
Todo esse profundo da alma humana
Vai florescer em mim e em você.
Só preciso de um acordo.
Me olhe, me dê um olhar!
Vamos estou aqui parada pronta pros seus olhos.
A principal regra desse jogo:
Nunca me diga quem você é,
Nunca me diga que aceitou meu pedido,
A dor por não saber quem é você,
O confuso de amar sem ao menos acertar.
Nunca me diga quem é você.
E então, aceita ser meu par?
16 de fevereiro de 2010
Princesa da Grama
E aquela senhora que distribuía alguma coisa para os pássaros que a circundavam. Não eram apenas pássaros, eram amigos de estrada, pessoas que dividiam a realeza a realidade que era aquela mulher.
Um punhado de roupas, um dia ensolarado
Graças ao bom Deus, ele a poupou da chuva e do frio.
Tinha árvore para fazer sombra, um vazio.
E assim chego e não aguento, tiro da mochila a camera.
Quero guardar o sentimento.
Então ela se invoca, diz que vou ganhar dinheiro com aquilo, as custas dela.
Resmunga, resmunga, resmunga e resmunga.
"Sou princesa, sabia? Quer que eu mostre os documentos?"
Me espanto, me surpreendo, me encanto.
"Não precisa!", grito.
"Eu já sabia que você é uma princesa."
E aquela frase a engloba, pega seu ego e transforma numa tocha.
Ela é princesa e todos sabem disso, todos dizem que ela é uma princesa.
Pergunte a mim, eu direi que sim. Pergunte só a mim.
Veio uma risada envolvente, uma alegria, um grito que contagia e que me fez transbordar de incomodo. Ela é mendiga, e não há quem não diga. Aquele universo onírico me faz acordar. Eu acordo desse coma induzido pelas belezas das paisagens do parque.
"Já que você sabia que eu sou a princesa. Porque não trouxe um sanduíche pra ela? A princesa tá com fome."
Um alvoroço. Estranho, eu quis até vomitar.
Essa sensação que me ofega.
Sou eu justa por tirar dela a alma e por transformar no meu trabalho-arte ?
O que afinal é arte?
Sei que por toda parte, o que eu vejo é arte.
Essa mendiga no parque
A princesa da grama
Fez hoje da minha imagem
mais do que um simples drama.