4 de dezembro de 2011

Ansiedade

Gostava de segurar nos próprios cabelos
e de falar alto como se nada no mundo pudesse ouvi-la
Compartilhava a ansiedade de que um novo dia nasceria e de que a noite clarearia o mais rápido possível Sentia um enorme medo de perder os amigos por conta dos seus erros efêmeros e desmedidos
Amava as cores que tomavam intensidade a medida que o sol nascia
Tinha medo de escrever e parecer muito consigo mesma Tinha dó das pessoas que não encontravam um lugar confortável na vida Queria ajudar os amigos e ser livre nos continentes e nos transportes Queria finalizar o que andava escorrendo pela impaciência das conclusões humanas Achava que era menos humana porque se sentia culpada e não entendia o motivo
Queria um banho de mar um banho de mangueira
um banho de rio uma cascata caindo sobre sua cabeça
Era incolor para a maioria dos transeuntes Era implícita Irritantemente introspectiva Adorava sorri quando não sabia como agir Tagarelava no ouvido de quem mais amava pra poder aliviar as tensões internas E quando menos percebia sentia estar encontrando os mesmos erros e os mesmos atos Como se nada mudasse Como se nada implorasse pelo novo Como se tudo fosse repetitivo propositadamente
E era tudo de propósito mesmo
As árvores caiam mais rápidos propositalmente As pombas se reproduziam mais rápido propositalmente Os rios iam ficando sujos propositalmente Os cabelos embolavam de propósito só pra doer mais na hora de pentear E os dedos tremiam quando ela olhava pro espelho e o pente agarrava ainda a poucos centímetros da cabeça Os olhos enchiam de lágrimas e ela fingia não estar percebendo isso continuava puxando como se não houvesse direção mais certa do que o solo Arrancou todos os fios com o próprio pente sem diminuir a velocidade sem piscar os olhos
E a pia enchia de dores de medos de desejos
de vontades de corridas pneumáticas de apnéias chinesas e coreanas havia também um pouco dos pistaches do Irã e uma dúzia de mulheres e suas burcas Dentro da pia de onde se via algum antídoto escorrer dos olhos era madrugada era raciocínio tático - O que deixar de fazer para não perder o que se deve fazer de verdade ?