30 de julho de 2010

girando ... girando ... girando

Fui correndo de branco, branca reluzindo invisível . Escutando o inóspito som das paredes ocas do ônibus. Era manhã. Era claro. Era insano perceber que mais uma madrugada em claro tinha se passado e mais um vazio em cima da cama. Fofa. Santa. Sento relaxando as costas sobre o travesseiro, a cabeça na parede. O brilho que vinha da janela. O Sol. Pensamentos.

Poderia eu ser cruel comigo a ponto de enganar-me. A ponto de dizer que tudo vai dar certo mesmo tendo receios. O Futuro está rondando inerte, não pode fazer pelo presente, mas pode atiçar o ânimo. Euforia. Ansiedade. Vômito. Desajustando os relógios e esquecendo os compromissos. Relendo e-mails, cogitando dormir até às sete horas da manhã do dia seguinte, só pra parecer trabalhadora. Levantando cedo, indo pra academia, disposição, satisfação. Responder e-mails, dar satisfação, movimentar o que andava mudo, produzir, produzir, extrair, contribuir.

Diluindo o leite na água, deixando o fio branco penetrar pelo copo, como uma bandeira de paz permeando aquela multidão de moléculas vorazes por agitação. Agitação que torna a incitar a alma. Vem a culpa, desejo de se cortar ao meio e ser metade em cada lado do mundo, da escolha. Porém, se fosse sempre metade arte, metade matemática, nunca seria de fato completa, de fato invasiva enquanto falo sobre meus sentimentos. Sentimentos não te incomodam, te nutrem, te transformam. Converter sentimento vadio em notas de música, de amor é além da razão.

Estou acomodada ao acaso, a sorte de olhar aberto e acalentar os olhos nos olhos de outras pessoas. Apesar de criativos, apesar de históricos, apesar artistas, ainda somos carne, somos osso. Disso nunca poderemos esquecer.

27 de julho de 2010

NOITE

ME APAIXONEI PELA NOITE

EM TROCA RECEBI BOCEJOS

SORRISOS OLHOS CONFISSÕES

APLAUSOS CORES


REVIVI NO SEU NEGRO, UM VAZIO

PELA MADRUGADA IRRESPONSÁVEL.

CONFESSO QUE TE PROCUREI

MAS NÃO ENCONTREI

ACHEI O OPOSTO DO ÓDIO

OS GRACEJOS DO AMOR

A BEBIDA SEMPRE INCORRUPTÍVEL

O LAÇO QUE PODE UNIR TODOS

EM UM FECHAR DE OLHOS


NÃO DORMIR É UMA BENÇÃO!

TORNA MAIS NOTÁVEL VIVER

DUPLICA O MUNDO

RENASCE O QUE ERA

SONHO


COMO SOMOS MESMOS PREGUIÇOSOS!

QUEREMOS DORMIR TANTO

SUFOCANDO O TEMPO MÁGICO

TEMPO QUE DURA UMA LUA INTEIRA

UMA MENINA BRINCANDO DE PERAMBULAR


SONHAMOS SER FORTES

ENFRENTAS OS RAIOS DE SOL

VER SOB A CLARIDADE

RESPIRAR DIA A DIA

PORÉM, O QUE SOMOS

MESMO É NOITE


ESCUROS, CALMOS E MOMENTÂNEOS.


22 de julho de 2010

INCONTROLÁVEL

Um constante de ultrapassagens e rotas perigosas Um medo incessante do futuro uma energia interminável pronta para agir sobre o impossível Ser único bivalente bipolar tricampeão despedaçado e espalhado pelos ambientes habitados do mundo

Iludir-se é completamente tangível e abominado por esse olfato visionário ensurdecedor Contraria a idéia de liberdade desperta a questão de ser uma sociedade Embrulha o estômago vomita empurra pra cima a dor Não entender o que somos é pior do que não entender o porquê de estar aqui Identidade infiel do apego vulnerável ao desprezo do outro Corroer da pele correndo pelo pescoço até o ouvido

Queima forte sentir-se incapaz de decidir mais do que já foi possível Arde incontrolavel a paz do cômodo tão indisciplinadamente parado branco ausente de vontade para continuar Ausente de atitude para compartilhar Alheio a qualquer sentimento humano que não supere o seu próprio sentimento de ser vivo sem poder desfrutar a liberdade que reside no entremundos emcimadomuro nomeiodocaminho Grudar-se ao que é insano soa mais comum mais atraente e mais acolhedor Agregar-se ao incompreensível pálido lado esquecido pelo mundo e por nós mesmos é um ideal poético e romântico

Não nos deixeis cair em tentação

8 de julho de 2010

Impasse

Eu decido gostar de ti
Tu decides gostar de mim
E assim ficamos
estáticos
cara a cara

Sem a coragem pra dizer qualquer palavra
Como se qualquer erro fosse desmanchar
Isso, agora, existindo

Te entendo e não me entendes
Um zig zag de olhares
em uma multidão insone
Quem é você?
Porque eu ainda não sei.

Vai!
Desliza teu olhar pra frente.
Vai!
Rompe a barreira do medo.
Gargalha, por favor!
Diz o que vier a cabeça
E acredita que estou disposta a ti!

Sei que meus versos
Não passam de papel,
Não saem do plano da palavra.
Virtual. Abstrato. Incompreensível.
Te peço ação,
embora tenha dado tinta.

O erro é deixar que ele nos guie,
Ele molda o nosso não agir
Mantém a vontade imune de um toque
Ele é maior que nós mesmos

O Impasse.
Impedindo que a gente nunca se ultrapasse
Porém, com o tempo
Vem a velha indiferença
E um novo menino a me olhar distante
Ele se aproxima, diz que podemos ser amantes.
Eu aceito.

E você?
O que foi?