11 de outubro de 2010

A RETA

A linha reta entre um olho e outro é feita de tensão ressonante,
batimento de sensação cardíaca conflitante
e simultaneamente consoladora.


Console-se através da ponte firme
nesta transmissão volátil.
A cada acaso, o contato
entre a unha e a mão,
a ponta dos dedos e o chão
é um disforme sorriso.
A cadência arrítimica dos cílios
empurra uma respiração curta
até o ápice,
desnudando tua fingida face.
Amparo sólido e solo
encosta leve sobre o meu colo,
acaricia sem deixar tocar
e dispersa sem dialogar.
O único desperdício desse vício
é implantar a desculpa no receio
e viver a alimentar
as superfícies instáveis
do nosso meio.


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