16 de maio de 2010

Nova Família

Quando eu percebo que os amigos novos já viraram amigos antigos
E quando me encontro completamente à vontade em lugares como este
A toda volta alguém que conheci, se não conheci logo conhecerei
E se não conhecer sei que você é amigo de um amigo
Como uma tia do primo, que já chamo de tia

E quando eu percebo que posso sair por aí
Olhando amplo para o aflorar da Arte
Eu vou fitar a cantora, a atriz, o músico
Eu direi: “Ele é da minha família!”
Quando o show acabar
Trocaremos idéias, figurinhas, histórias
Cultura

Quando eu percebo que a essência da minha vida
Se encontra na vida de outros
eu re-afirmo, re-concluo,
Essa família há de crescer!
Um dia seremos só um!
Como um grande nó cego!
Algo que ninguém desfaz!
Nem mesmo um grande ego.

15 de maio de 2010

Como se suporta o cheiro?

Fico feliz em perceber o quanto as coisas podem ser dinâmicas, e quanto tudo me parece cada vez mais co-nectado, conecta-do, conec-tado. Isso poderia me gerar uma outra postagem, mas vamos parar por aqui e descobrir o que eu encontrei em cadernos do ano passado. Palavras que flutuavam a espera de alguns leitores e de algumas conclusões.

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Ela podia reproduzir o cheiro com seu próprio nariz, como se ainda pudesse estar lá. Era o calor e o suor que ocupavam aquele quarto escuro. Ela não tinha uma boa lembrança, na verdade, só lembrava o cheiro e nada mais. Por que estivera ali, ou quem suava, não eram perguntas com claras respostas.
Mesmo assim ela ia, ia. Aquele cheiro voltava em muito momentos para preencher o vazio ou sufocar o acúmulo. O excesso.
O cheiro começou a fazer parte de seu dia a dia, quando se sentia triste, lá estava ele. Quando se sentia feliz pudera ela seti-lo ao fundo, como uma canção sem notas, porém, sensações. A canção que só ela ouvia.
Encantada com a possibilidade de espalhar essa experiência, ela começou a espalhar pelos sete mares o que lhe passava. Quem sabe alguém pudesse ajudá-la a entender. Muitas pessoas, adimiradas, começaram a buscar esse tal fenômeno em suas vidas. Eles queria essa nova dimensão como lamentar com cheiro de ketchup! Beijar com cheiro de álcool! O caso virou tendência, moda. E todos passaram a ganhar cheiros em suas vidas, para cada momento um cheiro sem razão.

Quando, enfim, eles entenderam.

O cheiro é o rastro que eu deixo quando não entendo.
Quando o grito aumenta até arranhar a minha garganta
Quando não consigo mais pensar em nada.
O cheiro é a parte de mim que não quer ir embora
E implora pra eu, por favor, voltar para mim mesma
Se eu não quiser, que pelo menos eu seja forte o suficiente pra gritar e dizer:
"SAI!!"

Depois que descobriram, perceberam que o cheiro era um pedaço apodrecido de seu próprio corpo, ou o perfume que sem perceber usamos todos os dias. Esse cheiro, é o vício que querer encontrar no que é novo aquilo ao que já estamos acostumados a interpretar.
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