1 de abril de 2010

Vai deixando na gente...

É justamente o que o resquício do tempo vai deixando na gente, é justamente o que o mundo deixa sobre o nosso mundo de possibilidade. É a vida te avisando que falta alguma coisa pra ela ser mais bem vivida, bem amada, querida.
E a rotina vai te mostrando, cada vez mais, ser inútil lutar contra ela, porque a disciplina, essa sim é capaz de trazer o fruto do seu esforço vir a tona. E como tornar esse fruto comestível, saboroso, se a rotina usada para trazê-lo é insípida disforme, desconexa.
Por que toda vez que eu penso ter encontrado a saída me vejo saindo de uma porta que dá para outro labirinto? É como se precisássemos de muitos labirintos até encontrar a tal da maturidade, ou aquele momento em que as pessoas mais velhas te vêem como um adulto, e não mais como um garotinho.
É justamente o que o resquício do tempo vai deixando na gente. Um mar, ondas que te arrastam, tiram um pouco do seu humor, o leva para longe. É justamente o que a juventude deixa dentro dos olhos de uma criança. A alegria de ser jovem somada a dúvida do que está por vir. A esperança de que o mundo está em rumo ao equilíbrio, o desespero de não saber o que fazer para ajudar.
É justamente o que o resquício do tempo vai deixando na gente. O medo de tornar-se algo tão mais diferente, a ponto de não haver mais nenhuma esperança. Ou até, talvez, mais nada.

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