25 de outubro de 2010

:::diluindo:::

Sumiu do mundo das palavras e desencadeou um sono profundo dentro do meu olhar. Visões periféricas se projetaram nas faces de dentro do meu crânio. Uma projeção demais imperfeita que falava o que eu queria ouvir, brincava de ser a parte de mim vazia de ti. Sou eu que controlo esse filme. Esses impulsos feitos de massa cinza e molhada carregam as necessidades impressas no centro da vida.

Desapareceu do mundo das idéias e virou matéria escura pintada pelas paredes da amargura. Veste terno cinza claro e desce pela escada de emergência, és pura ausência dentro de um corpo velho. Vou pra longe em desespero. Não nego que fiz de ti uma mina sem dinheiro, agora sou seca. Murcha. E canto firme nos bailes de corpo inteiro. Veja como posso ser forte, veja como posso ser só.

11 de outubro de 2010

A RETA

A linha reta entre um olho e outro é feita de tensão ressonante,
batimento de sensação cardíaca conflitante
e simultaneamente consoladora.


Console-se através da ponte firme
nesta transmissão volátil.
A cada acaso, o contato
entre a unha e a mão,
a ponta dos dedos e o chão
é um disforme sorriso.
A cadência arrítimica dos cílios
empurra uma respiração curta
até o ápice,
desnudando tua fingida face.
Amparo sólido e solo
encosta leve sobre o meu colo,
acaricia sem deixar tocar
e dispersa sem dialogar.
O único desperdício desse vício
é implantar a desculpa no receio
e viver a alimentar
as superfícies instáveis
do nosso meio.


6 de outubro de 2010

OZ

Cansada de me esquivar dos apegos

desses queridos e dóceis

meninos do vento.


Suas vorazes almas sopradas e repentinas

relutam em me carregar,

em arrancar pedaços.


Ágil, esquivo-me, enfraqueço, canso.



Assim, quando for me chamar de novo. Os olhos atentos buscam o piscar. As luzes da telinha. O nome escrito nela. A respiração presa. As janelas vão se abrindo e as paredes vão sendo arrancadas. Sobra do quarto o quarto. A cama ainda ilesa dorme sobre o chão que gira. Turbilhão de imagens. Grossa areia atinge o teto que se vai e despedaça. Sobra do quarto o quarto. Segura na cama e dorme! Aquela laje flutuante.



Um furacão entorpecente.

O organismo.


Sobra do quarto

o que havia de mim.