9 de abril de 2011

...criando bichos...

É mesmo esse som que soa do corpo o que matém firme a vontade de luta, de permanecimento em cada barreira que se salta, cada beijo que se assalta, pelo ilusionismo das conversas e do cotidiano nosso. Me banha o abrir-se, jogar-se da janela só pra sentir a gravidade das coisas. Me inunda esse constante acreditar, pois mesmo que a mentira prevaleça, ainda há algo de sincero através dos olhares tênues do palavreado humano. Minha boca abre e fecha sob a ação involuntária de entender, flashes de raciocíonio lógico a conduzir as futuras palavras dessa leve história. Não, eu não sou algo de pura sinceridade, nem a leveza de todos os tempos habita a minha solidez. Porém, o feto que se multiplica dentro do útero, é futuro de gente. É carniça de alma, é um banhar-se ligeiro pelos líquidos viscosos da mucosa. Fomos todos esse ser que se alimenta invariavelmente. Fomos todos um pouco dementes através dos instintos milimétricos da vida. Mas sem isso não existiríamos, não vivenciaríamos os inóbvios conflitos, mesmo sendo eles comuns e inexprimíveis. Ainda sobre o teto da casa, deito. Admiro a imensidão das estrelas, o gigante universo implorando pelo nosso sangue, nossa excêntrica disponibilidade. Assim, vou dispersando o que me aflinge, regenero os versos, titubeio uma nova prosa. Morro nas preguiças dos sonhos. Sim, sou o lodo das pedras, a água com larvas de mosca, sou a sujeira da calçada sorrindo para o próximo gari que me varrerá até os confins do imundo, me mostrando a realidade e os fatos. A possibilidade do incompreensível. De qualquer forma, é o detalhe inútil aquilo que matém visível o defeito que se quer esconder, como etiqueta de roupa falsificada. Como mulher mal amada. Ah, Esses sons que me elevam o peito, que satisfazem o corpo, me transformam nesse fulminante ser reflexivo. E, por fim, acabam.

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