12 de junho de 2011

é pelo descaminho

Já não me preenche mais o caminhar vermelho das esquinas, as chuva fina é vazia... e as horas perdidas de sono não passam de um escorrer resmungado. Daqui do terceiro andar, vejo o lixo que eles jogam na rua acumular nas bocas dos bueiros, a água não desce, e a rua fica tão alagada como meu próprio cansaço. E aí... depois que os olhos pesam e o sono vem, os sonhos me mostram um além invisível ao olhar dos acordados. Um paralelo que se faz toda vez que alguém sonha, ou que alguém viaja nas imagens de suas fantasias. A lona cobre meus últimos pensamentos, mas meus pensamentos antigos já ficaram expostos ao Sol há muito tempo, estão tão quebradiços quanto os meus cabelos, e não controlo muito bem o fluxo das palavras quanto antes. Talvez melhor cair na armadilha dessa over-sinceridade, e destrambelhar antes que um onda arraste tudo, ou que a próxima enchente alcance os pés da minha cama.

O sentir que falta mais é o que me espanta, porque ao longo desse caminho as linhas do mapa embaçam e já não é mais permitido estar perdido. Os adultos precisam sempre saber pra onde estão indo, não é mesmo? E assim, se fingindo saber do futuro. Como videntes de nós mesmos. Vamos cultivando essa escuridão interna, sem se dar conta, que o buraco que cavamos para esconder a cabeça, já nos leva ao centro da Terra.

Um comentário:

  1. gracias de coração para letras, palavras, frases, ideías e coração de novo. No descaminho , o desencontro traz o encontro do caminho.. do caos a paz...

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