30 de janeiro de 2011

O menino Sono

E outra vez bateram sinos que despejavam uma lua cheia de água pelos pés do menino que antes não, mas agora sim, se sentia presente no presente do mundo. O menino sono, após longos bocejos, sobe na cama e grita: “Pai!”, enquanto bate as pernas para cima e para baixo. Encanta quem o vê falar, assim tão displicente, a palavra mais mágica dentre todas as outras no ouvido de um homem. Despertou por dentro da criança a fala, e por isso, tudo que vê é gravado pela memorinha recém criada, cheia de espaços vazios prontos na intenção-infância de serem preenchidos; deste modo, ganharia o resto do mundo.

Uma luz sai de dentro dele, corta a ponta de sua cabeça, agita a fala, ele grita, mexe a língua até bater no dente. Daí (!), um pingo de consciência e inteligência cai sobre o seu nariz enquanto ele reage a ação de não mais ser pura imagem: animada, real, e objetiva. Agora ele tem voz para dizer sua opinião, aceitar com sim, contestar com não. A gota no nariz escorre, corre para a boca onde ele lambe degusta e aguça cada vez que chora. Chora de impaciência pelas palavras ausentes de prática. "Acalma-te filho."

Pena não lembrar desse momento, pior que nem uma lembrancinha de como me sentia. Nasci e não lembro, e se nos sonhos não recordamos o porquê de acabar ali. Também devo sonhar de olhos abertos

na consciência de um gigante,

tolo e fascinado por histórias de povos contraditórios

desconexos e intrinsecamente vibrantes.

Oscilo e navego no meio das dobras de seu cérebro.

Imagina (!) que o Rio de Janeiro é só uma grande imensa fantasia,

mas são tantos detalhes dentro de um só gigante! *Talvez por isso gigante!*

Um comentário:

  1. Quer saber? Seu blog vai ficar aqui nos favoritos pra eu ler cada dia um pouquinho antes de dormir! Doses diárias de sonho bom!

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