10 de setembro de 2011

se debatendo

Dormir pouco, catar o ânimo perdido lá no sonho inofensivo. Abrir os olhos, calar os impulsos e as depressões, deslizar sobre as maçãs do rosto para enfeitiçar a vida, convencendo-a de nossa necessidade súbita de cumprir certos horários, muitos afazeres. O relógio aguça a vontade que temos de lançar o alarme do despertador para o alto, e fazer dele nossa voz. A voz surda que esquece dos outros e só lembra das próprias necessidades. O grito rouco que acelera o coração dos mendigos depois que bebem e sorriem. Realmente Felizes! Realmente risonhos. O que a escória quer é entorpecentes. O que as crianças mortas querem é leite, água branca e concreta que a mãe não consegue produzir. Talvez, nossa verdadeira necessidade seja que todos os seres humanos fossem nós mesmos, triplicados, quadruplicados, infinitetizados talvez. Para que não houvesse motivos e explicações para se debater. E assim seríamos exércitos padronizados, desfilando pelas terras. Matando quem diverge, quem se empolga demais e quem definha muito. E é isso o que acontece, são muito poucos os que se parecem e se unem. Não há lugar para os muitos, e os poucos que ocupam tudo não sobreviveriam sem os muitos que se espremem nos quartinhos úmidos. Pra que ocupar tanto espaço, por que nunca é suficiente. Sinceramente, ainda vomito alguns pedaços de nojo. Nojo de tudo. Embora na maioria das vezes algum dejeto amarelo do exôfago olhe pra mim e sorrindo diz que é hora de desembarcar de si, e agir pro lado de fora.

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