É nessas horas que um descaso vem de sua jornada originada no fim do mundo, e se encontra com você. O corpo balança e recupera e perde a esperança a confiança nas imagens que os outros te entregam. Os olhos começam a olhar para os pés e indagam as coisas. Belas e velhas coisas. Regurgitadas nas roupas após um banho quente e indiferente. Dê o comando de pause. Olha pra cima, porque há algo ali. Olha para os olhos dos outros. Eles também te vêem. Você ainda faz parte disso que chamamos de Terra, ainda respira o ar gerado pelas folhas dela. E mais do que isso. Você sente tudo ao mesmo tempo, vê, cheira, ouve. O que falta? Parar de enxergar o corpo como um cárcere, ou parar de pensar na casa cheia de quartos que tu és? Convoca-te a um planejamento e percebes que ainda não aprendeu a planejar a casa. Mas são tantos quartos! Tantas farsas, tantos óbvios desvios da essência! Se continuar fosse fácil, todos seriam felizes consigo mesmo. Apressa-te em teu afogamento, deixe que ele passe em claro. Olha bem pra suas anormalidades. Convida os olhares dos outros para uma dança no parque, e nesse lugar você não será mais casa, nem paredes, nem quartos, somente um grande imenso ser. Não vê não cheira não ouve. Puro e simples estado de ser. Como uma pedra, que é. Deixa estar por pouco muito pouco tempo, pois o resto move o resto é além de um estado estático. Você pára. Recupera, re-existe. Depois. Corre!